quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Palestra em Vídeo

Primeira Parte

Finnceira3 from Beit Lubavitch on Vimeo.



Segunda Parte

Financeira 2 from Beit Lubavitch on Vimeo.

Terceira Parte

Financeira3 from Beit Lubavitch on Vimeo.

Quarta Parte

Financeira4 from Beit Lubavitch on Vimeo.

Quinta Parte

Financeira 5 from Beit Lubavitch on Vimeo.

O Lado Espiritual da Crise Financeira Mundial - Resumo

Resumo elaborado pela redatora Rachel Ades da palestra proferida pelo Rabino David Weitman no Beit Lubavitch - “O Lado Espiritual da Crise Financeira Mundial”.

Podemos analisar a crise financeira mundial pela Cabalá, que utiliza três parâmetros para estudar um fato: espaço; tempo e pessoa.

Com os atuais meios de comunicação, já sabemos que é uma crise que envolve o mundo inteiro ( espaço). Acompanhamos, dia a dia, o efeito dominó de mercados e instituições. Em maior ou menor escala, todos os países estão sendo afetados. E seus cidadãos ( pessoa ). Para Maimônides, quando acontece uma tragédia e o homem a atribui a um acaso, este homem é cruel consigo mesmo, pois tendo esta ótica não se permite refletir e corrigir os erros.

A crise começou em Elul, último mês do calendário judaico, que é lunar. São dez os dias desde Rosh Hashaná, o ano novo judaico, até o Yom Kipur, o Dia do Perdão. São dias que os judeus refletem e fazem o balanço de seus atos para que, em Yom Kipur, possam pedir perdão pelos seus pecados. São os dias que D’us está julgando a humanidade. Grandes catástrofes financeiras têm acontecido em torno do mês de Elul. A quebra das bolsas de 1929, o ataque às torres gêmeas, o problema dos mercados russos ( tempo ). As datas nos mostram que temos que estar atentos aos desígnios de D’us.

A reflexão sobre a crise mostra que especular com o que não é dinheiro surpéfluo está errado. As pessoas mais ricas do mundo, primeiro, trabalharam e só depois, com o dinheiro excedente do trabalho, é que investiram no mercado financeiro. E mostra, também, que o crédito muito fácil nem sempre é a solução dos problemas. Os sábios já diziam que para os filhos que tem acesso fácil ao dinheiro, cabe aos pais controlá-los e verificar se estão indo na direção correta.
Jacob e Esaú, irmãos gêmeos, e que tiveram a mesma educação, foram em direções opostas. Ao serem perguntados sobre o que possuiam, o primeiro respondeu que tinha tudo, enquanto o segundo, que tinha muito. A Jacob não lhe falta nada. A Esaú, sim. Tem muito mas quer mais ainda.

Duas pequenas histórias são bem ilustrativas.

Um homem estava pescando, quando é questionado por um passante. Por que ele não estava usando uma rede? Conseguiria mais peixes, o que não comesse, venderia. Com o dinheiro da venda compraria barcos que o permitiriam pescar mais e ganhar mais. Compraria uma mansão e poderia parar de trabalhar. Rico, poderia ficar sem fazer nada, pescando. Ao que o homem retruca: mas eu já estou pescando!

Um pedreiro vai para o alto da montanha quebrar pedras. Suando com o sol abrasador, deseja ser o poderoso sol e se torna o sol. Vem uma nuvem e cobre o sol, deseja se tornar uma nuvem. É mais! E vem o vento e a leva, deseja ser o vento. É mais! E este acaba retido pela montanha. É mais! Então deseja ser a montanha e imediatamente sente pancadas. Tinha um pedreiro a transformando em pedras...

O primeiro é Jacob, o segundo é Esaú. A ganância pode ser um divisor de águas. E quem pode ser considerado um homem rico? É aquele que está feliz com o seu quinhão. Esta é a verdadeira riqueza.

O homem tem que se voltar para os verdadeiros valores. Poder olhar para a chuva e relembrar a bênção que ela é. Por prover o sustento e por nos fazer olhar para cima, nos reafirmando que o sustento vem de cima e quem o provê é D’us. Mas chuva só é sustento quando cai em terreno que está arado e semeado, em terreno que foi trabalhado. D’us abençoa tudo o que provenha do trabalho, pois Ele mesmo disse: seis dias trabalharás. Nunca disse: arriscarás.

Não devemos nos esquecer que um dia podemos estar por cima e no outro, por baixo. Na lista das instituições mais seguras constavam empresas que hoje estão quebradas. Os investimentos mais seguros, com menos rentabilidade, ficaram em evidência.

O Rebe de Lubavitch aconselha, aos hoje aflitos, que qualquer aplicação de dinheiro escolhida, se for lhe tirar uma só noite de sono que seja, já não vale a pena. Bolsa de valores é especulação, não é proibido, mas é especulação. Poupança é um outro tipo de investimento. Os bons investimentos são as boas ações, as caridades, as ajudas ao próximo. São os verdadeiros bens, os que nunca poderão nos ser retirados.

Os valores não podem ser invertidos, temos que ser como nosso patriarca Abrahão, que tinha grande agilidade para ser solidário, hospitaleiro e prestar ajuda. Sermos ágeis para o bem coletivo e não pessoal. E por mais difíceis que sejam os momentos pelos quais alguém esteja passando, se existir uma possibilidade, por menor que seja, de ajudar ao próximo, não se deve nunca parar de investir neste tipo de negócio.

Não podemos nunca nos esquecer que D’us tudo provê. Ter fé e confiança em D’us.

Ter fé é acreditar em D’us e ter confiança é acreditar que Ele tudo pode. É quando, mesmo sem vermos nehuma luz no final do tunel, acreditamos Nele. A fé é a bússola e a confiança é a serenidade até a chegada da luz. Esta é a diferença entre esperança e confiança. Esperança enxerga uma solução, um final feliz; confiança é acreditar que o final será bom e de forma clara e revelada, mesmo quando não se enxerga soluções. A fé é acima da lógica.

Neste momento, podemos refletir que os nossos semelhantes devem ser medidos pelas suas virtudes, nunca pelas suas posses. Ficou claro que ninguém é dono de nada, o único dono de tudo é D’us. Segundo o Profeta Elias, D’us continua trabalhando, está fazendo escadas, algumas para descer e outras para subir. O que importa é o que somos, e não o que temos.
E somos melhores se vivermos com alegria. O medo é um veneno. Por que perder dinheiro dói muito mais do que a alegria que foi ganhá-lo? A alegria abre os portões, a tristeza chama a depressão. A felicidade é uma decisão, a pessoa tem que se esforçar para ser positiva. Um rosto iluminado atrai a benção que vem de cima.

Segundo a Cabalá, as preocupações são como águas abundantes, o próprio Rei Salomão dizia que águas abundantes não tem o poder de apagar ou afogar um amor. Então não é a loja, o dinheiro ou bens materiais que devam ser o centro dos nossos pensamentos. O amor é que é forte, pois outra grande riqueza é ter uma família bem constituída. Ninguém diz, ao morrer, que se arrepende por ter passado muito tempo com sua família, e sim, ao contrário.

E quem acha que rezar agora é hipocrisia, não é verdade. No dilúvio, as águas subiram e a arca de Noé foi subindo junto. Nossas orações são como esta arca, quanto mais parecemos afogar, mais nossas orações estão sendo elevadas, mais se aproximam de D’us. D’us escuta o homem aflito. D’us está sempre próximo de um coração aflito. Grande é o erro dos homens de negócios que acham que suas rezas são menos importantes que a dos eruditos. O homem de negócios vê muito mais a mão de D’us que um rabino que está na sinagoga. As palavras deste homem aflito são muito importantes para D’us.
Estes tempos têm ares de tempos da chegada do Messias. Este momento carrega consigo um dos sinais de sua chegada, em que se proclama que a moeda não vai ter mais valor no mercado.

Esta turbulência em vez de assustar deve servir como um sinal para se voltar à fé e nossos valores milenares. Pensar com positividade e ter confiança que tempos melhores estão por vir. As pessoas do mundo todo merecem fartura, pois com certeza usarão ela para beneficiar os menos afortunados.

Novembro 2008

Biografia do Rabino => O Rabino David Y. Weitman originário da Bélgica, emigrou em 1979 para São Paulo, como emissário do Rebe de Lubavitch.

Em 1990 fundou o Chabad Morumbi e em 1992 o Ten Yad, que fornece ½ milhão de refeições / ano para pessoas carentes, sendo reconhecida, pelo 4ª vez consecutiva, como uma das 50 entidades beneficentes mais bem administradas do Brasil.

Nos últimos 18 anos é o Rabino da Grande Sinagoga Beit Yacov de São Paulo, responsável pela Editora Mayanot, que publica livros sobre a cultura e religião judaica, além de requisitado conferencista sobre temas judaicos e sua relação com a realidade contemporânea.